Aracatuba

Clarisa B. Palatnik immgcpa at microbio.ufrj.br
Wed Jun 23 16:59:45 BRT 1999


<smaller>Date sent:      	<color><param>0000,0000,8000</param><bigger>Wed, 23 Jun 1999 15:33:04 -0300 (EST)

</color><smaller>Send reply to:  	<color><param>0000,0000,8000</param><bigger>leish-l at bdt.org.br

</color><smaller>From:           	<color><param>0000,0000,8000</param><bigger>Santa Rosa <<epidemio at dedalus.lcc.ufmg.br>

</color><smaller>To:             	<color><param>0000,0000,8000</param><bigger>Multiple recipients of list <<leish-l at bdt.org.br>

</color><smaller>Subject:        	<color><param>0000,0000,8000</param><bigger>Re; Clarisa (LVA em Araçatuba)


Caro Santa Rosa,

Obrigada pelas suas considerações. Nao pretendia tomar o tempo 
seu nem o dos colegas. Deixa apenas esclarecer a fonte de 
algumas informações que inclui na minha carta</color><smaller>


-Não considero a LVA uma doença emergente no Brasil, acho que ela seadequa mais à classificação de reemergente (porém creio mais em ser ela

uma doença permanecente), pois São Paulo já apresentou casos de LVA no

passado e ainda hoje apresenta casos de LTA, mostrando que há condições

de manutenção do ciclo do Lutzomyia no estado. 


<paraindent><param>out</param><flushboth>A LVA e definida como zoonose emergente por: <color><param>0100,0100,0100</param><FontFamily><param>Times New Roman</param>1.Tesh R, 1995. 
Control of zoonotic visceral leishmaniasis. Is it time to change strategies? 
<italic>Am J Trop Med Hyg</italic> <italic>52:</italic> 287-292.</paraindent></flushboth>


</color><FontFamily><param>Arial</param>Outro fator a ser analisado é que vc está comparando a

prevalência por parametros distintos, sorologia para cães e diagnóstico

clínico para humanos, como o segundo metodo é menos sensível (até mesmo

devido ao não reconhecimnto da doença ou da possibilidade da sua

ocorrência em São Paulo) sua correlação fica aquém do desejado. Talvez

se fosse comparado os resultados de sorologia canina com sorologia

humana os dados fossem mais próximos (?).


Eu nao comparo prevalencia canina com clinica humana, nao. Mais e 
extensa a literatura indicando que valores altos de prevalencia canina 
por IF se encontram apenas em areas onde ja tem casos humanos. 
Ou seja que e previsivel que em Aracatuba haja mais casos humanos 
que provavelmente estao mal diagnosticados ou subestimados ate 
hoje. Veja por exemplo:<italic>


<paraindent><param>out</param><flushboth></italic><bigger>2. Evans TG, Vasconcelos IAB, Lima JW , Teixiera JM, Mc 
Aullife IT, Lopes UG, Pearson RD, Vasconcelos AW, 1990. 
Canine visceral leishmaniasis in northeast Brazil: assessment 
of serodiagnostic methods. <italic>Am J Trop Med Hyg 42:</italic> 118-123.</paraindent></flushboth>

<paraindent><param>out</param><flushboth>4. Marzochi MCA, Coutinho SG, de Souza WJS, Toledo LM, 
Grimaldi Jr G, Momen H, Pacheco RDS, Sabroza PC, de 
Souza MA, Rangel Jr FB, Tramontano NC, 1985. Canine 
visceral leishmaniasis in Rio de Janeiro, Brazil. Clinical, 
epidemiological, therapeutical and epidemiological findings 
(1977-1983). <italic>Mem Inst Os Cruz 80:</italic> 349-357.</paraindent></flushboth>


Na regiao onde nos trabalhamos no RN, a prevalencia canina e 2% 
na IF, 23% no ensaio de ELISA e 6-15 casos de calazar humano 
anuais sao registrados na ausencia de controle (Borja-Cabrera et 
al., 1999. Am.J. Trop. Med. Hyg. in press). Com a vacinacao 
canina o numero de casos se reduziu.


<smaller>Como já foi relatado por vários trabalhos realmente não se resolve o

problema da leishmaniose somente com a intervenção em um dos pontos da

cadeia, é preciso atuar, segundo preconizado pelo MS, no diagnóstico e

tratamento precoce dos casos humanos, na remoção dos CÃES POSITIVOS e no

combate ao vetor. Magalhães, trabalhando com o professor Wilson Mayrink,

acrescenta que sem educação em saúde essas três medidas são

subutilizadas  e menos eficientes. A intervenção somente sobre o vetor

pode resolver o "surto" uma vez que acaba com a via de transmissão

normal da doença porém ao não eliminar a fonte de infecção para o vetor

se está somente postergando o problema.


<bigger>Concordo plenamente. Adiciono a vacinação canina como fator que 
pode contribuir no controle, a nossa experiencia indica isso 
(resultados ainda nao publicados). No presente ate os seres 
humanos doentes sao considerados reservatorios potencias 
(xenodiagnostico positivo!).


<smaller>Com relação ao óbito num dos primeiros casos vc deve considerar a demora

para diagnostico, o que resulta em prognostico bastante desfavoravel.

Foi assim também na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em 1989 uma

menina de Sabará veio a falecer e depois do óbito o dignóstico foi

firmado como LVA. Na época o Prof. Mayrink alertou para o risco de

urbanização da doença, mas por ser um caso isolado não teve maiores

repercursões. 



<bigger>Concordo e conheco o fato e por isso mesmo nao se pode permitir 
que isso aconteca mais. E por isso que mencionei o treinamento 
medico necessario para reconhecer o calazar, pensar nele como 
uma possibilidade.


<smaller>Agora o fato que realmente me impulsionou a escrever:

<color><param>7F00,0000,0000</param>> Que Leishmania feroz e essa?!!! Nao ha epidemia humana e o primeiro caso =ja e fatal!.=20 

</color>O grande problema Clarisa é o uso equivocado de terminologia, se vc

procurar em qq livro básico de epidemiologia vai ver que epidemia é a

corrência de um número de casos acima do esperado, para uma determinado

período e área. Se conserarmos que existia um controle epidemiologico da

LVA (uma vez que é de notificação compulsória) e que o esperado de casos

era zero, um caso pode ser caracterizado como epidemia, ainda que o

senso comum reporte como epidemia um número elevado de casos.



<bigger>Voce nao entendeu a mina ironia. Seja o termo epidemia ou não o 
perigo ao qual aponto e o da falta total de diagnostico precoce. 
Este e um assunto por demais tratado a nivel nacional e 
internacional. Ate a presenca de flebotomineos L. longiplaplis em 
aracatuba ja tinha sido publicado em 1997 por da Costa et al., Rev. 
Saude Publica, 31(6)632-633. Neste trablho ele ja alerta para o 
perigo. De todos modos este assunto so se esclareceria se a 
gente soubesse se na epoca do diagnostico inicial da menina foi 
realmente realizada sorologia para calazar por IF, por algum ELISA 
por PCR ou ate uma punção de medula ossea. O que eu digo e 
que varios laboratorios e medicos no pais fariam este diagnostico 
gratuitamente se procurados.


<smaller>No mais concordo com vc, e acredito que é necessario aproveitar toda a

experiência da FNS e das pessoas que se dedicam a trabalhar as

leishmanioses que nos últimos anos vem se espalhando rapidamente pelo

país (já existe relatos de casos outoctones caninos até em Santa Maria

no RS), pois logo logo a doença estará disseminada de tal forma no país

que é possível que o Sr, José "Campanha"Serra invente alguma forma de

gastar dinheiro público sem critérios de impacto, e sim de mídia.


<bigger>Obrigada pela carta, aprendi muito com ela e se quiser 
continuamos o mail na proxima 

Abracos

Clarisa

<nofill>


More information about the Leish-l mailing list